4 dicas para não deixar os clientes a revirar os olhos nas suas férias

Alina OliveiraConsultora, Formadora e Coach

É agora! Meses de espera, sonhos, marcações, a família e/ou amigos a postos. Aqueles dias de prazer por que suspirou tanto tempo. Tal como um pianista prepara os dedos para teclar o “Out of Office”, com a utopia que durante uma semana ou duas vai conseguir desligar do email.

 

 

“Em agosto está tudo parado, é mesmo a altura ideal, não é preciso estar cá com grandes invenções…”

Pessoalmente com 14 anos num grande Grupo e 4 num micro negócio, agosto já deu para tudo: para clientes que contactavam porque estava a substituir um colega e tinham assuntos pendentes, para pedidos de proposta complexos que deram negócio, para otimização do site para produção de conteúdo, e claro, para muita travessia no deserto.

Mas se os anos me foram indicando algo e também como cliente que sou, é que a forma como as empresas lidam com as férias diz muito do que elas são nos outros 11 meses, sejam grandes ou “micro-nano” negócios

 

Dica 1 – Deixe os assuntos com alguém e que esteja de facto a trabalhar

Já alguma vez enviou um email e/ou telefonou para encontrar uma mensagem seca “Estou ausente, volto dia 1 de setembro”? Bateu contra um muro não foi? E agora, vale a pena esperar 30 dias ou parte para outra? Eu diria que hoje em dia dificilmente se espera 30 dias por algo.

Versão 2 – “Não estou, mas o joaoexemplo@exemplo.pt está”. Tentou contactar o João Exemplo e pasme-se, outro “Fora do Escritório” ou um atender com ruído de mar ao fundo. Bonito, não é?

Já pensámos que se alguém liga este mês ou deve ser mesmo para trabalhar e quer ver resolvido, ou se não tem nada para fazer, também pode ser uma oportunidade?

 

Dica 2 – Coloque as pessoas que ficam a trabalhar a par de pendentes

Ok, deixou com alguém. Um cliente liga, voz simpática e disponível e de repente “Ahh isso não é comigo é com um colega e não sei nada desse assunto”.

Bom, não é?

“Ele não me deixou nada, pode enviar-me toda a informação que trocaram?” … Olhos a revirar, o cliente amaldiçoa ter ficado a trabalhar em agosto, e tudo o que rodeia este mês de trabalho. “Deixe estar falo com ele depois…”.

Perderam todos tempo.

Coloque a par dos pendentes para que o cliente sinta que a empresa é mais do que o João Exemplo e que… funciona. Sim é bom ser indispensável, mas ainda é melhor chegar e ter trabalho adiantado porque a informação fluiu.

 

Dica 3 – Evite o “ O comercial não está só volta dia 20”

O comercial, esse malandro que está de férias e que graças a isso o vai deixar sem resposta até dia 20. Nos dias de hoje quem não aparece, morre. E há mais peixes no mar, e empresas a labutar.

Podem recolher a necessidade, assignar outro comercial, preparar antecipadamente condições para oferecer, deixar para muito tempo depois é perder uma oportunidade. E as oportunidades custam muito.

 

Dica 4 – Não Encaminhe para o geral@exemplo.pt, para um número fixo que tem uma mensagem “Estamos fechados até dia 1 de setembro”, ou ter as caixas de correio cheias

Estamos na era do outsourcing, pode encaminhar para alguém que possa pelo menos aceitar pedidos, esclarecimentos, atendimento, ainda que não possa resolver porque em alguns negócios isso não é mesmo possível, mas encaminhar para números ou emails que vão estar inativos ou com caixa de correio cheia, é uma perda para o negócio, para os clientes e uma imagem negativa.

No regresso pode correr o risco de ter perdido oportunidades ou dos clientes ligarem furiosos pelo tempo que não souberam nada do seu negócio.

 

E isto serve mesmo quando se está sozinho?

Ok e quando o negócio é de apenas uma pessoa? Não tem direito ao descanso?

TODO.

Mais, devia mesmo desligar, o que raramente acontece, impactando na família e amigos. Mas também aqui é possível fazer muito com pouco.

 

1) Tem mesmo que dizer que está de férias? Sabe que vai ver o email, pode definir 1 vez por dia ou de 2 em dois dias. Se está sozinho sabe que é o CEO, o diretor logístico, financeiro ou de Marketing. Pode também pedir para enviarem para um segundo email e aí sabe o grau de urgência/relevância.

2) Reencaminhe e subcontrate um serviço de assistência remota. Ainda é raro em Portugal (e um nicho interessante) mas há serviços que recebem atendimento e respondem a solicitações.

3) Avise os seus clientes e trate dos pendentes antes e deixe encaminhado. Todos agradecem.

 


Agosto pode ser o mês mais parado e até pode ter colocado um gordo 0 no orçamento e nas propostas. Mas 2018 é diferente de 1998 e as oportunidades podem surgir de qualquer lado, a qualquer hora, de qualquer parte.

E tendo o direito e o dever de descansar, a imagem do negócio conta 365 dias por ano.

Escrito por

Alina Oliveira

Autora do livro “ Resiliência para Principiantes” – ed. Sílabo, 2010.Sou formadora e consultora nas áreas da gestão e liderança de equipas, resiliência, comunicação e gestão de conflitos, gestão do tempo, resolução de problemas, relações cliente/fornecedor.Um dos temas que mais me apaixona é a Resiliência, o que me levou a escrever um livro sobre essa temática: “Resiliência para Principiantes”.
Saiba mais