A transformação digital das organizações (2/2)

Alina OliveiraConsultora, Formadora e Coach

A Revolução Digital já começou e está a alterar significativamente os paradigmas de funcionamento das nossas organizações. As empresas que queiram sobreviver e prosperar precisam fazer face aos novos desafios colocados pela transformação digital em curso.

A transformação digital implica mudar a atividade da empresa - num mundo digital e conectado - em torno de três eixos fundamentais:

1. Rever o modelo de negócio

A transformação digital abrange todas as áreas da empresa. Começando pelo modelo de negócio, a questão fundamental colocada pela transformação digital para os negócios "pré-digitais" é a de saber como gerar receita, num mundo digital. É improvável que a prossecução da atividade de uma organização com base num modelo de negócio e um modo de distribuição baseados em modelos tradicionais continue a ser rentável por muito tempo.
Quem poderia evocar a ideia de "transformação digital" para uma start-up? Ninguém, obviamente, uma vez que essas empresas são nativamente digitais e são, vivem e pensam primeiro de forma digital e são construídas com base numa atividade completamente orientada para os canais digitais. Estas empresas procuram adaptar-se aos desafios e transformar a sua organização quase em tempo real pois estão constantemente a ajustar as suas ofertas e a aprender os (novos) comportamentos dos seus clientes. E até podem mudar o modelo de negócios durante o seu percurso, de forma a encontrar um funcionamento mais eficiente.

2. Personalizar a experiência do cliente

A experiência do cliente constitui a segunda alavanca da transformação digital. Exemplos disso são a personalização de conteúdo, o uso de dados para criar experiências relevantes, a implementação e alinhamento de todos os canais, etc. Uma experiência que começa com um conhecimento mais profundo do cliente, possível graças ao digital (tracking, geolocalização, ...).
A recolha e análise de dados torna-se fundamental para este conhecimento do cliente. É essencial determinar o ponto de partida para melhorar a experiência do cliente com o produto, a marca e o relacionamento que a empresa pode ter com o consumidor. As ferramentas de "WebAnalytics", "big data" e o tratamento desses dados, muitas vezes "não estruturados", tornam-se fundamentais para o marketing digital.

O Marketing está cada vez mais presente e tem mais influência neste conhecimento do cliente. Para além deste conhecimento do cliente também devemos considerar os vários "pontos de contacto" do consumidor com a marca, o produto ou serviço e do acesso à informação, seja através de dispositivos móveis, numa loja de rua ou através das redes sociais. Os desafios do marketing digital envolvem a definição de um dispositivo multicanal (digital e móvel) para o cliente.

3.Repensar a organização

Na reflexão sobre a transformação digital deve primeiro fazer-se uma análise preliminar da maturidade digital da organização. Integrar os canais digitais em cada dimensão do serviço da empresa é a preocupação fundamental que deve orientar os seus líderes. Estes devem ser guiados por uma visão global a partir do responsável do departamento digital/informático (em sintonia com a direção da empresa), cuja função principal consistirá no desenvolvimento e implementação da estratégia digital global. Os gestores e equipas de apoio devem definir indicadores-chave de desempenho e implementar um plano de ação. O seu papel no seio do comité de gestão, também deve ser o de avaliar o impacto que o digital teve no negócio e minimizar as questões fundamentais da operação:

  • O que vende: os seus produtos ou serviços (e-books, formação em sala de aula e em e-learning, por exemplo);
  • Como vende: plataformas de negociação, redes sociais, mobile;
  • Como fornece: mercados digitais, crowdsourcing;
  • Como fabrica: a impressão 3D está a revolucionar a indústria e em breve será a biotecnologia;
  • A quem vende: os comportamentos de compra mudaram, através do famoso ROPO (pesquisar online, comprar offline), ou comprar na Internet e recolher a mercadoria na loja ou atrair clientes para uma loja em função dos seus dados móveis através da geolocalização);
  • Como é que organiza e gere: trabalho digital, gestão colaborativa, a empresa a funcionar em rede, as redes sociais da empresa;
  • Etc.

Pense digital, primeiro

As empresas entendem que os modelos que operam hoje são radicalmente diferentes das anteriores e para se transformarem têm de esquecer o passado e olhar para o futuro que aí vem…E nem todas as empresas estão preparadas. Na melhor das hipóteses, aquelas que abandonarem o modelo antigo podem adaptar-se, se agirem sobre os pontos acima mencionados.

Mas a verdadeira chave para o sucesso de uma transformação digital bem-sucedida passa por transformar as mentalidades, atitudes e práticas; trata-se de mudar o paradigma da empresa e das pessoas. A chave para a transformação bem-sucedida é pensar digital, antes de qualquer coisa.

Se quiser saber mais sobre esta temática, leia os artigos partilhados no site do evento Business Transformation Summit.

Escrito por

Alina Oliveira

Autora do livro “ Resiliência para Principiantes” – ed. Sílabo, 2010.Sou formadora e consultora nas áreas da gestão e liderança de equipas, resiliência, comunicação e gestão de conflitos, gestão do tempo, resolução de problemas, relações cliente/fornecedor.Um dos temas que mais me apaixona é a Resiliência, o que me levou a escrever um livro sobre essa temática: “Resiliência para Principiantes”.
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